Texto:
Vereador Mário Frota*
De
ditadura já basta a que esmagou as liberdades individuais do povo brasileiro
por 21 intermináveis anos. Só quem viveu e sofreu naqueles anos tenebrosos,
sabe que toda ditadura, seja de direita, esquerda, centro, togada, militar,
eclesiástica e civil são iguais, sem diferença; igualmente terríveis, mortais, destruidoras
dos sonhos do homem de viver com liberdade: o supremo bem concedido por Deus à
humanidade.
Já há quem deplore a prisão de José Dirceu
e José Genoíno por entender que não mereciam tal castigo, pelo fato de terem
pegado em armas contra a ditadura militar.
Ontem li isso e, confesso, fiquei perplexo. Será que todos que
participaram da guerrilha urbana e rural são heróis e, por isso mesmo, estão
isentos de ir para a cadeia, mesmo sendo pegos com a mão na massa roubando o
dinheiro público?
Ora, eu e tantos brasileiros, de peito
aberto, combatemos à ditadura e, em nenhum momento, pegamos em armas para ferir
ninguém. Será que só quem se envolveu em
movimentos armados é que pode ser considerado herói na guerra que culminou com
a queda da ditadura e a vitória da democracia?
Ora, o Dr. Ulisses Guimarães e Tancredo Neves, comandantes de proa na
luta pela redemocratização do País, seriam então figuras menores na luta que
derrubou a famigerada ditadura militar?
Vamos lá.
Aqui poderia citar vários companheiros e companheiras que, apesar de não
pegar em armas - da tribuna dos parlamentos, pelos órgãos de imprensa, organizações
sindicais e associações de classe, com coragem e espírito cívico, de forma
desassombrada - denunciaram e combateram os excessos da ditadura, com muitos
deles até colocando as suas vidas em perigo.
Agora, porque pegaram em armas para combater
o regime autoritário, o José Dirceu e José Genoíno não poderiam ser presos,
embora tenham participado de uma das maiores roubalheiras da história da
República, no caso o escândalo do mensalão? O problema é que, quando chegaram
ao poder, em vez de dar o bom exemplo ao povo que eles passaram a governar,
preferiram o caminho tortuoso da corrupção, roubando recursos do erário com o
sujo propósito de enriquecer e corromper deputados e senadores a votar em
projetos de interesse do PT.
Arnaldo Jabor, um crítico mordaz, no seu
último livro, com muita propriedade diz que ‘se enganam os que pensam que
homens como José Dirceu e José Genoíno tenham em mente fazer fortunas para
usufruto pessoal’. ‘Não é bem isso’, demonstra Jabor. ‘O que eles desejam, a
essa altura da vida, é a realização do sonho da esquerda que ocupou o PT de
cubanizar o Brasil, ou seja, de implantar o comunismo marxista em nosso
território’.
Alguns dos pilantras do mensalão são, em
verdade, meros batedores de carteira, sem qualquer ideologia política. O mesmo
não acontece com Dirceu e Genoíno. O crime deles é pior do que o dos
salafrários que meteram milhões de reais do dinheiro público nos bolsos, pois
que tinha por meta a desestruturação e desmoralização das instituições da República,
com o monstruoso propósito de facilitar o golpe comunista no futuro.
Jabor observa bem essa questão, portanto, o
crime dos dois é muito mais grave porque a intenção é a destruição da liberdade
e da democracia, dando espaço ao surgimento de uma ditadura à moda cubana, onde
poucos mandam e a maioria, ou melhor, o grosso da população para não terminar
numa prisão ou à frente de um pelotão de fuzilamento, ver-se obrigada a obedecer
cegamente. Portanto, o crime a ser perpetrado
por eles era de lesa-pátria, lesa-liberdade, lesa-liberdade.
Por todo o mal que queriam contra a democracia
deste País, já deveriam estar na cadeia há muito tempo. De ditadura já basta a
que esmagou as liberdades individuais do povo brasileiro por 21 intermináveis
anos. Só quem viveu e sofreu naqueles anos tenebrosos, sabe que toda ditadura,
seja de direita, esquerda, centro, togada, militar, eclesiástica e civil são
iguais, sem diferença; igualmente terríveis, mortais, destruidoras dos sonhos
do homem de viver com liberdade: o supremo bem concedido por Deus à
humanidade.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.
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