sábado, 11 de fevereiro de 2012

O PT MUDOU: DILMA DEFENDE PRISÃO PARA POLICIAIS GREVISTAS

Como certos políticos mudam quando chegam ao poder. Na oposição a Fernando Henrique Cardoso, Lula foi um incentivador a esse tipo de greve.
Hoje, o PT no poder, tacha os policiais grevistas de bandidos, enquanto a Presidente Dilma defende que não se deve anistiar os grevistas, mas prendê-los.

O tempo muda, até o Natal, como desconfiava Machado de Assis, num dos seus melhores sonetos. O PT mudou – e como – basta ver o que agora ocorre na greve dos policiais militares na Bahia, deflagrada por reivindicação de melhoria salarial.

Como certos políticos mudam quando chegam ao poder. Na oposição a Fernando Henrique Cardoso, Lula foi um incentivador a esse tipo de greve, pois que, no auge de uma que ocorreu, também na Bahia, quando Antônio Carlos Magalhães (PFL) era governador, afirmou o que vai aqui com todas as letras do alfabeto: “O policiais militares podem fazer greve. Minha tese é de que todas as categorias de trabalhadores que são consideradas atividades essenciais, só podem ser proibidas de fazer greve se tiverem também salário essencial. Se a atividade é essencial, mas o salário pago é mixo, então esse cidadão tem direito a fazer greve”.

No poder muitos políticos mudam. Na época do Império, esse tipo de comportamento dos políticos foi ironizado pelo Visconde de Ouro Preto, o último Ministro-Chefe do gabinete do Imperador Pedro II, numa frase lapidar: “nada se parece mais com um conservador do que um liberal no poder”. Os liberais, na época eram tidos como progressistas e já pregavam teses republicanas. O problema é que, quando chegavam ao poder, na prática não eram em nada diferentes dos conservadores, partido atrelado a práticas atrasadas, com a maioria dos seus políticos comprometidas com o regime escravagista.

Político, neste País, quando chega ao poder, muda sem nenhum pudor. Exemplo: Jaques Wagner deputado federal pelo PT, na época do governo Fernando Henrique, fez pronunciamento da tribuna da Câmara em solidariedade às centenas de policiais militares que estavam presos na Bahia por participar de uma greve idêntica a de agora. Hoje, no poder, tacha os policiais grevistas de bandidos, enquanto a Presidente Dilma defende que não se deve anistiar os grevistas, mas prendê-los. No poder, a companheirada do PT mudou, e muito.

Guando vejo fatos como esse lembro-me do famoso episódio envolvendo Milton Campos, eleito governador de Minas Gerais após a queda da ditadura do Estado Novo. Certo dia entra no seu gabinete o Chefe da Casa Militar que, muito nervoso, foi logo dizendo: “Dr. Milton Campos os operários da empresa que dá manutenção à linha férrea (a empresa ficava num município próximo a Belo Horizonte) declararam greve em razão do atraso dos salários. O senhor não acha que devemos mandar um trem cheio de policiais para sufocar a greve?” O governador, que estava escrevendo, sem levantar a cabeça aconselhou: “não é melhor mandar o trem pagador?”

A aprovação pelo Congresso Nacional da PEC 300, que define um salário-base para todos os policiais civis, militares e corpo de bombeiros de todo o País, coloca um fim a todas essas greves. É verdade que a Constituição do País proíbe que os funcionários públicos que prestam serviços essenciais entrem em greve. Até aí tudo bem. Ora, em vez das autoridades ficarem vociferando contra os grevistas, porque não pagar a esses trabalhadores um salário essencial, condizente à relevante função que prestam à sociedade? Ao invés de prender e punir os grevistas, por que o Congresso Nacional não aprova a PEC 300, que hoje simboliza o trem pagador da história envolvendo o democrata Milton Campos?

Por: Vereador Mário Frota

Líder do PSDB na CMM

Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM

Foto: exame.abril.com.br

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